Sinopse
Idade Média. Valerie
(Amanda Seyfried) é uma jovem que vive em um vilarejo aterrorizado por um
lobisomem. Ela é apaixonada por Peter (Shiloh Fernandes), mas seus pais querem
que se case com Henry (Max Irons), filho de uma família rica do local. Diante
da situação, Valerie e Peter planejam fugir, mas veem seus planos irem por água
abaixo quando a irmã mais velha de Valerie é assassinada pelo lobisomem que
ronda a região. Adaptação moderna da clássica história da chapeuzinho vermelho.
Informações
Titulo original: Red Ridding Hood
Ano: 2011
Direção: Catherine Hardwick
Elenco: Amanda Seyfried, Gary Oldman, Billy Burke, Max Irons, Shiloh
Fernandes
Gênero: Drama, Suspense
Duração:1h 40min
Trailer
A primeira coisa que
despertou a atenção neste filme foi o fato de que seria uma versão mais pesada
do clássico Chapeuzinho Vermelho, popularizado pelos irmãos Grimm. Afinal, as fábulas são grandes chances de se fazer algo
interessante – e novo - a partir de um modelo contado tantas vezes ao longo dos
anos. No entanto, o que chega agora aos meus olhos acertou em cheio em alguns
pontos, mas errou feio em outros.
“Pela estrada afora eu vou
bem sozinha, levar estes doces para a vovózinha...” Esqueça esta canção! O que
havia de singelo na clássica história de Chapeuzinho Vermelho foi jogado para
debaixo do tapete em A Garota da Capa Vermelha. A diretora Catherine Hardwicke optou por deixar
a história bem mais sombria, trocando o lobo por um lobisomem e inserindo um
triângulo amoroso na história. A Chapeuzinho ingênua sai de cena para que
outra, com mais libido sexual, assuma o posto.
Amanda Seyfried e Shiloh Fernandes em cena de A Garota da Capa Vermelha
Chocado? Não é para tanto.
Até porque não há algo de explícito no filme, seja pela violência ou pelo sexo.
Tudo é insinuado ou exibido rapidamente, com cortes bruscos onde o espectador
apenas tem a sensação do que aconteceu, sem jamais ver exatamente o que houve.
Culpa da edição, abrandada ao máximo para que A Garota da Capa Vermelha obtivesse uma censura a mais leve possível. Culpa
também dos produtores que, seguindo esta proposta, conseguiram aproximá-lo ao
modelo da série Crepúsculo: sombrio
sem ser pesado, mesclando seres imaginários em uma trama romântica.
Na história, Valerie (Amanda Seyfried)
é uma jovem que vive numa aldeia isolada do mundo e próxima da temida Floresta
Negra. Sua mãe (Virginia Madsen) acredita no casamento arranjado, o pai é um
típico perdedor e sua avó (Julie Christie) faz o “bicho grilo” da galera, morando numa
casa de árvore. Para adicionar mais tempêro na trama com a netinha, lobo mau e
a eterna vovozinha, o roteiro bota a mocinha dividida entre o amor que sente
pelo melhor amigo pobretão e o futuro certo que terá ao lado de um rico morador
da cidade, pelo qual não sente a menor atração. Uma morte inesperada provoca a
ira dos moradores que saem a caça, mas padre Solomon (Gary Oldman),
especialista no assunto, chega na área dizendo que o mal está entre eles e
começa uma verdadeira inquisição, criando um bom clima de mistério sobre quem
poderia ser o lobisomem. Então por que não deu certo?
Produzido pelo astro Leonardo DiCaprio e
roteirizado pelo mesmo cara que fez o suspense A Órfã, o longa foi dirigido por Catherine Hardwicke,
aquela que deu início a febre Crepúsculo nos
cinemas. E aí, talvez, esteja uma das razões. Embora tenha um bom figurino,
fotografia, trilha sonora e elenco, o roteiro foi superficial demais. Faltou
algo para gerar um maior envolvimento no espectador. E o que era para ser mais
pesado acabou ficando leve, apesar dos ingredientes de qualidade para a trama
de amor e traição.
A banalidade do triângulo
empregado no filme, ainda mais pela questão da riqueza dos pretendentes, faz
com que, em momento algum, ele emplaque de vez. Interessante é o clima de
mistério criado a partir das revelações trazidas pelo padre Solomon. Afinal de
contas, todo e qualquer habitante da vila sem nome pode ser o temido lobisomem.
Catherine Hardwicke consegue usar bem a dúvida, deixando pistas para que haja
vários candidatos ao posto. Não chega a ser um mistério indecifrável ou com uma
grande surpresa no final, mas os suspeitos possuem motivos para tanto e chegam
a levantar questionamentos ainda durante o filme. Ou seja, funciona dentro do
que se propõe.
Nos detalhes, o filme
acerta no visual e insinua até uma "modernidade" numa espécie de festa
pagã com música eletrônica (?), acrescida de um clima lésbico com a
protagonista. Teve até um ensaio de cena mais quente com ela, mas não passou
disso. Os efeitos especiais com o lobão são apenas razoáveis e os diálogos
(também com ele !?) são sofríveis.
Outro ponto positivo é a
direção de arte. Em especial o visual criado para a floresta ao redor da vila,
repleta de espinhos gigantes que, exatamente pelo tamanho, não aparentam ser
naturais. Não há qualquer explicação sobre o porquê da floresta ser assim, mas
a presença dos mesmos espinhos nas casas sugere que sejam uma proteção dos
moradores contra o lobo mau. Belo, porém estranho.
O que realmente prejudica A Garota da Capa Vermelha, além da opção pelo soturno sem ser explícito,
são as adequações do roteiro visando relacioná-lo à história de Chapeuzinho
Vermelho. Desta forma vemos desde o célebre “que olhos grandes você tem” até um
desfecho absolutamente óbvio, por seguir à risca o conto clássico. Fora as
exageradas modernizações da história, diálogos sofríveis e a presença de
elementos visualmente interessantes, mas com pouca função na trama, como a
máscara de ferro no formato de lobo.
A produção também falha muito
no que diz respeito à edição e trilha sonora. As editoras Nancy Richardson (A Saga Crepúsculo: Eclipse)
e Julia Wong (Maré de Azar) fazem um péssimo trabalho no longa,
apresentando informações de formas desconexas e optando em alguns momentos por
uma narração em off totalmente equivocada. É claro que o roteiro não ajuda em
nada, mas a edição deveria ter sido feita com muito mais cuidado. O mesmo se
pode dizer da trilha, principalmente no que diz respeito às canções escolhidas
para o filme. As músicas presentes na trilha confirmam o caráter teen que
tentaram dar ao filme e comprova ainda a falta de tato cinematográfico dos
realizadores.
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