sábado, 7 de abril de 2012

A Garota da Capa Vermelha




Sinopse

Idade Média. Valerie (Amanda Seyfried) é uma jovem que vive em um vilarejo aterrorizado por um lobisomem. Ela é apaixonada por Peter (Shiloh Fernandes), mas seus pais querem que se case com Henry (Max Irons), filho de uma família rica do local. Diante da situação, Valerie e Peter planejam fugir, mas veem seus planos irem por água abaixo quando a irmã mais velha de Valerie é assassinada pelo lobisomem que ronda a região. Adaptação moderna da clássica história da chapeuzinho vermelho.

Informações

Titulo original:  Red Ridding Hood
Ano: 2011
Direção: Catherine Hardwick
Elenco: Amanda Seyfried, Gary Oldman, Billy Burke, Max Irons, Shiloh Fernandes
Gênero: Drama, Suspense
Duração:1h 40min



Trailer



A primeira coisa que despertou a atenção neste filme foi o fato de que seria uma versão mais pesada do clássico Chapeuzinho Vermelho, popularizado pelos irmãos Grimm.  Afinal, as fábulas  são grandes chances de se fazer algo interessante – e novo - a partir de um modelo contado tantas vezes ao longo dos anos. No entanto, o que chega agora aos meus olhos acertou em cheio em alguns pontos, mas errou feio em outros.

“Pela estrada afora eu vou bem sozinha, levar estes doces para a vovózinha...” Esqueça esta canção! O que havia de singelo na clássica história de Chapeuzinho Vermelho foi jogado para debaixo do tapete em A Garota da Capa Vermelha. A diretora Catherine Hardwicke optou por deixar a história bem mais sombria, trocando o lobo por um lobisomem e inserindo um triângulo amoroso na história. A Chapeuzinho ingênua sai de cena para que outra, com mais libido sexual, assuma o posto.

Amanda Seyfried e Shiloh Fernandes em cena de A Garota da Capa Vermelha

Chocado? Não é para tanto. Até porque não há algo de explícito no filme, seja pela violência ou pelo sexo. Tudo é insinuado ou exibido rapidamente, com cortes bruscos onde o espectador apenas tem a sensação do que aconteceu, sem jamais ver exatamente o que houve. Culpa da edição, abrandada ao máximo para que A Garota da Capa Vermelha obtivesse uma censura a mais leve possível. Culpa também dos produtores que, seguindo esta proposta, conseguiram aproximá-lo ao modelo da série Crepúsculo: sombrio sem ser pesado, mesclando seres imaginários em uma trama romântica.

Na história, Valerie (Amanda Seyfried) é uma jovem que vive numa aldeia isolada do mundo e próxima da temida Floresta Negra. Sua mãe (Virginia Madsen) acredita no casamento arranjado, o pai é um típico perdedor e sua avó (Julie Christie) faz o “bicho grilo” da galera, morando numa casa de árvore. Para adicionar mais tempêro na trama com a netinha, lobo mau e a eterna vovozinha, o roteiro bota a mocinha dividida entre o amor que sente pelo melhor amigo pobretão e o futuro certo que terá ao lado de um rico morador da cidade, pelo qual não sente a menor atração. Uma morte inesperada provoca a ira dos moradores que saem a caça, mas padre Solomon (Gary Oldman), especialista no assunto, chega na área dizendo que o mal está entre eles e começa uma verdadeira inquisição, criando um bom clima de mistério sobre quem poderia ser o lobisomem. Então por que não deu certo?

Produzido pelo astro Leonardo DiCaprio e roteirizado pelo mesmo cara que fez o suspense A Órfã, o longa foi dirigido por Catherine Hardwicke, aquela que deu início a febre Crepúsculo nos cinemas. E aí, talvez, esteja uma das razões. Embora tenha um bom figurino, fotografia, trilha sonora e elenco, o roteiro foi superficial demais. Faltou algo para gerar um maior envolvimento no espectador. E o que era para ser mais pesado acabou ficando leve, apesar dos ingredientes de qualidade para a trama de amor e traição.


A banalidade do triângulo empregado no filme, ainda mais pela questão da riqueza dos pretendentes, faz com que, em momento algum, ele emplaque de vez. Interessante é o clima de mistério criado a partir das revelações trazidas pelo padre Solomon. Afinal de contas, todo e qualquer habitante da vila sem nome pode ser o temido lobisomem. Catherine Hardwicke consegue usar bem a dúvida, deixando pistas para que haja vários candidatos ao posto. Não chega a ser um mistério indecifrável ou com uma grande surpresa no final, mas os suspeitos possuem motivos para tanto e chegam a levantar questionamentos ainda durante o filme. Ou seja, funciona dentro do que se propõe.

Nos detalhes, o filme acerta no visual e insinua até uma "modernidade" numa espécie de festa pagã com música eletrônica (?),  acrescida de um clima lésbico com a protagonista. Teve até um ensaio de cena mais quente com ela, mas não passou disso. Os efeitos especiais com o lobão são apenas razoáveis e os diálogos (também com ele !?) são sofríveis. 

Outro ponto positivo é a direção de arte. Em especial o visual criado para a floresta ao redor da vila, repleta de espinhos gigantes que, exatamente pelo tamanho, não aparentam ser naturais. Não há qualquer explicação sobre o porquê da floresta ser assim, mas a presença dos mesmos espinhos nas casas sugere que sejam uma proteção dos moradores contra o lobo mau. Belo, porém estranho.

O que realmente prejudica A Garota da Capa Vermelha, além da opção pelo soturno sem ser explícito, são as adequações do roteiro visando relacioná-lo à história de Chapeuzinho Vermelho. Desta forma vemos desde o célebre “que olhos grandes você tem” até um desfecho absolutamente óbvio, por seguir à risca o conto clássico. Fora as exageradas modernizações da história, diálogos sofríveis e a presença de elementos visualmente interessantes, mas com pouca função na trama, como a máscara de ferro no formato de lobo.

A produção também falha muito no que diz respeito à edição e trilha sonora. As editoras Nancy Richardson (A Saga Crepúsculo: Eclipse) e Julia Wong (Maré de Azar) fazem um péssimo trabalho no longa, apresentando informações de formas desconexas e optando em alguns momentos por uma narração em off totalmente equivocada. É claro que o roteiro não ajuda em nada, mas a edição deveria ter sido feita com muito mais cuidado. O mesmo se pode dizer da trilha, principalmente no que diz respeito às canções escolhidas para o filme. As músicas presentes na trilha confirmam o caráter teen que tentaram dar ao filme e comprova ainda a falta de tato cinematográfico dos realizadores.

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