quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Millenium - Os Homens Que Não Amavam As Mulheres





O filme conta a his­tó­ria do jor­na­lista Mikael Blomkvist, acu­sado de difa­mar Hans-Erik Wennerström. Na busca de con­se­guir a cre­di­bi­li­dade nova­mente, ele recebe uma pro­posta do empre­sá­rio Henrik Vanger para des­co­brir escre­ver a his­tó­ria da Vanger Corporation e solu­ci­o­nar o mis­té­rio do desa­pa­re­ci­mento de Harriet. Ele conta com a assis­tente anti-social e body modi­fi­ca­ted Lisbeth Salander que, se não era para ser o cen­tro da his­tó­ria, acaba rou­bando a cena. Suas apa­ri­ções são acom­pa­nha­das do som de mai­o­ria instrumental.

A hac­ker cyber­punk Lisbeth Salander é uma das per­so­na­gens mais inte­res­san­tes a sur­gir na cul­tura pop nos últi­mos anos, mas sua pre­sença no ima­gi­ná­rio sem­pre esteve com­pro­me­tida pela pouca reper­cus­são que a adap­ta­ção sueca da tri­lo­gia Millenium teve no mundo. Agora, David Fincher a coloca no pata­mar mais alto que uma cri­a­ção pode che­gar em ter­mos de popu­la­ri­dade: um block­bus­ter de Hollywood. Este remake ame­ri­cano de Os Homens Que Não Amavam As Mulheres, que chegou esta semana aos cine­mas, é um dos mais ins­ti­gan­tes thril­lers da tem­po­rada e, bas­tante dife­rente do filme ori­gi­nal, tem uma pro­posta comer­cial e auto­ral na medida certa.
David Fincher man­teve o foco em duas fren­tes: fazer um sus­pense per­tur­ba­dor como é sua espe­ci­a­li­dade (lembrem-se de Seven e Zodíaco) e dar aten­ção espe­cial à Lisbeth, aqui ven­dida como uma diva gótica que exas­pera tudo o que a mono­to­nia classe média desa­pro­va­ria. Ela é mal edu­cada, fria, veste-se como uma punk, fuma com­pul­si­va­mente e só se ali­menta de junk food. Ainda por cima é lés­bica e, como hac­ker, fre­quen­te­mente comete cri­mes ao inva­dir sis­te­mas e com­pu­ta­do­res alheios. Ainda assim, pos­sui um senso de jus­tiça e hones­ti­dade bem rígidos.
Ela está no meio de uma trama pas­sada na Suécia que a coloca ao lado de um jor­na­lista para solu­ci­o­nar um mis­te­ri­oso desa­pa­re­ci­mento de uma ado­les­cente, há mais de 30 anos. Juntos, eles pre­ci­sam inves­ti­gar uma rica e tra­di­ci­o­nal famí­lia de indus­tri­ais para saber qual a rela­ção do pas­sado nazista desse clã com a suposta morte dessa menina. Quem já leu o livro ou viu o filme sueco já irá saber quem foi o autor do crime, mas Fincher entre­gou uma obra bem dife­rente, e ins­ti­gante para os fãs da série.
É que no ori­gi­nal sueco, feito em 2009, o foco estava no con­ceito por trás dos escri­tos de Stieg Larsson. O autor, morto em 2004, ten­tou mos­trar uma Suécia escon­dida aos olha­res inter­na­ci­o­nais, cheia de podri­dão, como vio­lên­cia, liga­ções com trá­fico de seres huma­nos e fac­ções neo­na­zis­tas ainda atu­an­tes. No longa de ori­gem, a trama tem um tom mais psi­co­ló­gico com a inten­ção de expôr a vio­lên­cia con­tra a mulher e o dis­curso do ódio que ainda vive escon­dido na soci­e­dade sueca. Os três fil­mes fize­ram a fama de Noomi Rapace, atriz que des­pon­tou inter­na­ci­o­nal­mente e que tornou-se famosa como a pri­meira Lisbeth.
Fincher é mais téc­nico. Seu filme é uma super­pro­du­ção, com tri­lha sonora de Trent Reznor que cria uma atmos­fera sufo­cante e tensa durante todos os seus lon­gos 158 minu­tos de dura­ção. À pri­meira vista, pode-se dizer que esse remake é bem supe­rior, mas são obras com pro­pos­tas bem dis­tin­tas. Rooney Mara, reve­la­ção deste ano, está ótima como Lisbeth. Ela cons­truiu uma per­so­na­gem mais vio­lenta e mór­bida que sua con­tra­parte sueca. A cena em que se vinga de um agres­sor com requin­tes de cru­el­dade é per­tur­ba­dora. Mas, ao mesmo tempo con­vida o espec­ta­dor à apro­vei­tar com ela o pra­zer daquela vin­gança. Bem mere­cido sua indi­ca­ção ao Oscar de melhor atriz.


Cena do filme Millenium - Os Homens Que Não Amavam As Mulheres

Sua pre­sença é tão mar­cante que aca­ba­mos esque­cendo que Daniel Craig, como o jor­na­lista Mikael Blomkvist e Stellan Skarsgård como um dos mem­bros da famí­lia Vanger, tam­bém estão ótimos. Fincher sur­pre­en­deu com seu olhar par­ti­cu­lar de uma das séries mais acla­ma­das de todos os tem­pos. Mais do que agra­dar aos fãs dos livros, con­se­guiu vol­tar à melhor forma de seus mai­o­res sucessos.



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